Vivemos um momento ímpar na sociedade dita tecnológica, com inúmeras facilidades e oportunidades, mas também com desafios e situações que merecem discussões mais atentas e pontuais. A tão badalada Inteligência Artificial, ou simplesmente IA, aparece como uma expressão que está no arsenal de empresas (como ferramenta de negócio), no universo de jogos digitais, em filmes e seriados, no foco de centros de pesquisa, graduação e pós-graduação, e, agora, na boca do povo.
Quando pessoas leigas são questionadas sobre o que entendem por IA, é comum surgirem respostas como "IA é algo relacionado à robótica, com um sistema que consegue aprender, com autonomia, gerando menos riscos e falhas, trabalhando incansavelmente"; ou "IA é um sistema capaz de raciocinar e gerar recomendação de produtos ou filmes, quando estamos navegando na Internet ou acessando nosso serviço de streaming"; e por fim, "IA é um sistema capaz de se relacionar com o ser humano de forma natural, usando a nossa própria linguagem, realizando tarefas do nosso dia-a-dia". No entanto, essa perspectiva leiga, que também se vê em filmes, jogos e propagandas, é uma visão otimista e superficial.
Ao se estudar as impressionantes novidades da IA ao longo de 20 anos, é possível perceber que Inteligência Artificial é algo mais profundo e que envolve outras áreas do conhecimento, como por exemplo Matemática, Psicologia, Sociologia e Computação (engenharia de software, processamento de imagens e computação de alto desempenho). De fato, a Inteligência Artificial possui técnicas para construção de sistemas com comportamento inteligente, com autonomia, adaptação, iniciativa e capacidade de interação por comunicação falada ou escrita. Esses sistemas aprendem por repetição e buscam reconhecer padrões em imagens, perfis de redes sociais e tendências em sites de compras, por exemplo. E, certamente, existem não só para auxiliar pessoas em suas tarefas diárias, mas também para potencializar negócios de grandes empresas.
Todavia, a IA não se limita a esse contexto, pois, ao compreender o comportamento humano, pode nos levar a situações negativas de monitoramento e controle, muitas vezes sem que tenhamos plena consciência dessa ingerência em nossa vida. Por isso, as discussões sobre o tema precisam ser mais profundas e difundidas, uma vez que a IA está presente em nosso dia a dia e veio para ficar. Ser parte ativa e interessada nessas discussões pode ser tanto uma estratégia de abertura de possibilidades de negócios como um mecanismo de proteção. A escolha é sua!
Texto: Alexandre Zamberlan
Doutor em Nanociências e professor dos cursos de Ciência da Computação, Jogos Digitais e Sistemas de Informação da UFN